quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Agrônomo planta 8 mil árvores e colhe 1t de mel


or: MAURÍCIO GONÇALVES - REPÓRTER
O zumbido não saía da cabeça. A apicultura chegou à vida de Pedro Acioli como uma ideia intermitente a martelar o pensamento. A harmonia com a natureza, a organização e a produtividade das abelhas não paravam de lhe picar o juízo. A consciência ambiental, ele herdou do pai e do avô, que sempre mantiveram trechos nativos de Mata Atlântica na fazenda Pedras de Fogo, desde os idos de 1921. Só que as abelhas exigiram um pouco mais.

O engenheiro agrônomo investiu numa minuciosa pesquisa para identificar espécies da flora que aumentem a produção das colmeias da região. Com o chamado estudo apibotânico nas mãos, Pedro já plantou mais de 8 mil árvores e hoje colhe os frutos, com o faturamento líquido e certo de uma tonelada de mel por ano. Com um detalhe: a extração dessa quantidade toda acontece em apenas quatro ou cinco noites.

A meta agora é plantar duas mil árvores por ano e dobrar as vendas até 2013. Nos próximos anos, a produção deve subir como o voo nupcial da abelha rainha. “Numa pequena propriedade como a nossa, você tem que diversificar porque as escalas de produção são pequenas”, sugere Acioli.



A principal atividade na fazenda de 90 hectares ainda é o gado, mas o agropecuarista varia a criação de bovinos, ovinos e equinos com a fruticultura e a apicultura. Segundo Pedro, as abelhas geram uma excelente produção complementar, inclusive agregando valor ao laranjal, com melhoria na qualidade dos frutos e aumento de 40% na safra.

“Com o estudo apibotânico, identificamos através do pólen contido no mel quais as plantas que as abelhas dão preferência”. O pólen serviu como uma espécie de impressão digital das abelhas para apontar o potencial econômico de árvores como o mulungu, que era muito usado para gamelas e utensílios domésticos, mas caiu em desuso com o advento do plástico.




Só que a flor do mulungu é uma das preferidas pelas abelhas, e Pedro investiu nele como cerca natural. Além de economizar com estacas e arame, ele reforça a produção das colmeias. Outras plantas já conservadas pelo avô também se destacaram, como o juazeiro, o cajá, que faz a abelha produzir muito mais, e a sabiá, que também serve para fazer mourão de cerca e cujos galhos são usados como estacas na cultura do inhame.

O aumento da biodiversidade na região fornece matéria-prima para as operárias o ano inteiro, já que as florações ocorrem em períodos diferentes.

Como o gado bovino exige cerca de dois anos para gerar lucro, Acioli cria receitas em outros ramos, como o ovino (com rotatividade de seis a sete meses) e o equino, inclusive com adestramento de cavalos.

Com esta mentalidade, a apicultura caiu como uma luva. Inclusive as pesquisas realizadas e a expertise adquirida devem gerar novo faturamento. “Queremos criar um apiário-escola, com aulas de educação ambiental para alunos de escolas, capacitação para produtores rurais, turmas do campus avançado da Ufal em Viçosa e área de treinamento para apicultura e desenvolvimento sustentável”. 

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