Mel é remédio ou alimento? Para a maioria dos brasileiros
trata-se de medicamento. Essa visão faz com que seja mais fácil encontrar
derivados do produto na farmácia do que no mercado. Os apicultores querem mudar
esse cenário, que acaba restringindo a venda de mel no país, e tornar o consumo
do líquido viscoso, às vezes cristalizado, em um hábito entre a população.
As estratégias para melhorar o desenvolvimento da cadeia
produtiva estarão em debate no 19º Congresso Brasileiro de Apicultura
(Conbrapi) e 5º Congresso Brasileiro de Meliponicultura, que acontece em
Gramado (RS), a partir desta terça-feira (22) até o dia 25 de maio. Mais de 2,5
mil produtores de mel de todos os estados e do Distrito Federal confirmaram
presença no evento, que irá promover também cursos, palestras e visitas
técnicas.
O congresso tem apoio do Sebrae, que trabalha junto ao setor
há 15 anos. A Coordenadora Nacional da Carteira de Apicultura e Silvicultura do
Sebrae Nacional, Fátima Lamar, destaca o viés internacional da edição da
Conbrapi neste ano. “Empresas argentinas e uruguaias confirmaram presença”,
revela.
O momento também é considerado ideal para o desenvolvimento
do setor já que existem instrumentos de promoção do produto, como o programa de
alimento seguro do mel, e uma base regulatória, a coletânea de normas técnicas
e o programa de avaliação da qualidade do mel. A déia é aproveitar a presença
dos gestores do Sebrae de todo o país no evento e definir as estratégias da
instituição para a apicultura até 2015.
O consumo de mel no Brasil como forma de alimento ainda é
considerado baixo se comparado com países onde a ingestão do produto é
tradicional. Por aqui, cada cidadão come em média aproximadamente 300 gramas
por ano de mel. Nos Estados Unidos e na União Europeia, o consumo por habitante
chega a mais de 1 kg por ano.
Exportações
Além de criar no brasileiro o hábito do consumir mel, outro
desafio dos produtores é garantir a venda para o mercado internacional. No ano
passado, o Brasil exportou mais de 20 mil toneladas do produto, o que colocou o
país em quinto lugar entre os maiores exportadores de mel do mundo. Fatores
como genética e melhoria da qualidade do produto foram apontados como os
principais para o interesse dos estrangeiros.
Em abril deste ano, o país vendeu para o estrangeiro 1,5 mil
toneladas, o equivalente a US$ 5 milhões (R$ 10,25 milhões). O preço médio por
tonelada alcançado foi de US$ 3,10 (R$ 6,35). Entre os maiores consumidores
internacionais do mel brasileiro estão os Estados Unidos, a Alemanha e o
Canadá.
Entre 2010 e 2011, o crescimento do setor foi de 24%. O
Brasil ocupa, atualmente, a 11ª posição no ranking dos produtores mundiais de
mel. Entre os estados produtores destacam-se o Rio Grande do Sul, responsável
por 18% da produção nacional, seguido do Paraná (14%) e Santa Catarina (10%).
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