O que foi que eu falei em meu comentário aqui no BLOG quando saiu a matéria na televisão pela primeira vez?
O agrotóxico usado para combater cupins nas plantações de
cana-de-açúcar foi o responsável pelo extermínio de milhares de abelhas no mês
de abril em Gavião Peixoto (SP). O resultado do laudo da análise realizada por
um laboratório de Araraquara (SP) foi divulgado nesta quarta-feira (23).
Ao menos três apicultores perderam enxames em 15 dias. As
colmeias estavam praticamente cheias, mas as abelhas foram morrendo aos poucos.
“É provável que algumas tenham se alimentado do caldo da
cana ou até mesmo mantido contato com o inseticida, o que já seria suficiente
para contaminar toda a colmeia”, explica o engenheiro agrônomo Almir Messi.
Duas usinas mantêm terras arrendadas no município de Gavião
Peixoto. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Karin Raja Cury, pretende
enviar o resultado do exame para os representantes das empresas a fim de que
providências sejam tomadas. “A princípio, irei me reunir com os produtores na
manhã desta quinta-fera (24) para expor a situação”, disse ele ao G1.
Perda total
O apicultor José Luiz dos Santos, que conseguia uma produção
de duas toneladas de mel por ano com 90 caixas, perdeu todas as colmeias. Além
de afetar a produção, o orçamento da família ficou comprometido, já que esta é
a única fonte de renda dele. “Quando vi todas as abelhas mortas, pensei que
fosse ter o segundo infarto. É a primeira vez em dez anos de atividade que vi
isto acontecer. A gente fica revoltado”, relatou.
Santos ficou com apenas três das 100 caixas de colmeias que
mantinha na chácara. Na ocasião, ele contabilizou um prejuízo aproximado de R$
20 mil, valor que agora pode aumentar, já que foi constatada a contaminação.
“Terei que queimar todas as caixas, caso contrário o novo
enxame também morrerá, uma vez que o veneno, geralmente, dura seis meses. Aí,
por baixo, vou gastar mais uns R$ 15 mil e começar tudo de novo”, disse.
De acordo com ele, cada colmeia produz a cada seis meses o
equivalente a uma lata de 18 litros de mel, cujo valor custa em média R$ 90.
Santos vende o produto para a cidade de Boa Esperança do Sul (SP) e outros
municípios da região.
Desastre ambiental
Apicultor há 40 anos, Edgar Sampaio perdeu 30 colmeias. Para
ele, o maior prejuízo é o descontrole ambiental que ações como essas causam.
"Além das abelhas, outros insetos acabam morrendo, provocando um
desequilíbrio enorme na natureza. Isso é muito grave. Fala-se tanto hoje em dia
em preservação do ambiente e deixam acontecer uma coisa dessas”, lamenta.
Sampaio, que também é produtor rural, pratica a apicultura
por hobby desde os 18 anos. Ele conta que aprendeu o trabalho com o pai, que
adorava abelhas. “É um inseto maravilhoso que só traz benefícios ao ser humano.
Além da produção de mel, tem a polinização das plantas. Se não são as abelhas,
não se colhem grãos e frutos. Mesmo que as borboletas também tenham um papel
fundamental nisso, as abelhas ainda são um dos maiores polinizadores que a
gente conhece”, ressalta.
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