Contaminação ocorre nas flores com as quais elas entram em contato.
Preocupação é que abelhas selvagens são responsáveis por polinização.
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/02/abelhas-domesticas-podem-estar-levando-doencas-primas-silvestres.html
Abelhas domesticadas portadoras de doenças podem estar
infectando suas primas silvestres, responsáveis pela polinização, um trabalho
vital para agricultores de todo o mundo, alertou um estudo publicado nesta
quarta-feira (19).
As populações de abelhas, tanto em cativeiro quanto
selvagens, estão em declínio na Europa, nas Américas e na Ásia por razões que
os cientistas ainda lutam para entender.
Em artigo publicado na revista "Nature",
pesquisadores europeus afirmam ter encontrado evidências que apoiam a teoria de
que abelhas silvestres Bombus terrestris, excelentes polinizadoras, estão sendo
afetadas por vírus ou parasitas de abelhas produtoras de mel domesticadas nas
colmeias.
"Há razão para nos preocuparmos", declarou a
jornalistas Matthias Fuerst, da Universidade Royal Holloway de Londres.
Em um experimento, a equipe expôs abelhas silvestres em
laboratório a dois patógenos, o vírus de asa deformada e o parasita Nosema
ceranae, para ver se também podiam pegar doenças já conhecidas por afetar
abelhas melíferas (produtoras de mel), criadas em cativeiro.
"Nós encontramos uma redução significativa de sua
longevidade, então estes patógenos realmente são contagiosos" para as
abelhas silvestres, disse Fuerst. As operárias silvestres normalmente vivem
cerca de 21 dias, mas quando infectadas têm sua expectativa de vida reduzida de
um terço a um quarto.
Em seguida, os cientistas foram a campo capturar Bombus
terrestris, também conhecidas como abelhões, e abelhas melíferas em várias
regiões da Grã-Bretanha, examinando-as para identificar alguma infecção.
"As abelhas melíferas e os abelhões têm níveis muito similares destes
patógenos no mesmo local, o que significa que há alguma conexão entre as
produtoras de mel e os abelhões", explicou o biólogo.
Por fim, a equipe verificou que as abelhas melíferas e os
abelhões coletados no mesmo local tinham mais cepas intimamente ligadas do
mesmo vírus do que as abelhas de outro local, um claro indicador de infecção
entre as espécies.
Embora não tenham conseguido demonstrar definitivamente que
os patógenos passaram das abelhas melíferas para os abelhões, e não o
contrário, os cientistas afirmaram que isto seria o mais provável e a conclusão
mais lógica.
Mais abelhas melíferas do que abelhões se infectaram e as
abelhas melíferas infectadas tinham níveis virais mais elevados do que os
abelhões. Sendo assim, segundo Fuerst, "faz sentido modelar o fluxo delas
(abelhas melíferas) para os abelhões".
"A prevalência do vírus é muito mais elevada em abelhas
melíferas, portanto é lógico fazer esta previsão, mas não temos absolutamente
uma evidência definitiva de que o fluxo vá nesta direção", acrescentou.
Segundo os cientistas, o principal veículo da infecção foi a
visita às flores, uma vez que as abelhas entram em contato com as mesmas
flores, deixando e transportando patógenos em sua trajetória. Elas também podem
espalhar doenças ao invadir as colmeias umas das outras em busca de mel ou
néctar.
O mistério das abelhas
Os apicultores conseguem tratar as doenças na colmeias, mas
os insetos silvestres não podem ser medicados. "Não podemos sair,
procurando ninhos e tratar as abelhas", explicou Mark Brown, colega de
Fuerst.
"Já é um desafio tratar populações selvagens de mamíferos
onde há um pequeno número de indivíduos e eles são animais grandes",
prosseguiu. A resposta, portanto, está em evitar a disseminação a partir de
colmeias de abelhas melíferas.
"Precisamos de colmeias de melíferas tão limpas quanto
possível, de forma que a contaminação do meio ambiente seja mitigada",
disse Fuerst.
O declínio na população mundial de abelhas tem sido
atribuído a causas diversas, tais como o uso de pesticidas agrícolas, práticas
de monocultura que destroem as fontes de alimento dos insetos, vírus, fungos ou
ácaros, ou uma combinação destes fatores.
Um informe da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação (FAO) diz que os insetos polinizadores contribuem
com a produtividade de pelo menos 70% dos grandes cultivos humanos. O valor
econômico dos serviços de polinização foi estimado em 153 bilhões de euros (US$
210 bilhões) em 2005.
As abelhas, especialmente os abelhões, respondem por 80% da
polinização feita por insetos. "Esta é uma preocupação séria porque elas
(as abelhas) fornecem os serviços de polinização do ecossistema, sem o qual
perderíamos grande parte dos nossos cultivos e uma grande proporção da nossa
biodiversidade natural", disse Brown.
Vale apena ler também a matéria da VEJA/ Ed. ABRIL sobre o desaparecimento das abelhas
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