Reportagem foi finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental
08 de agosto de 2013 | 18h 44
Com os filhos criados e independentes, Valéria Alegretti, de
46 anos, resolveu deixar a rotina corrida na cidade – depois de trabalhar como
secretária por duas décadas – e partiu para a vida no campo em busca de
qualidade de vida. Em 2010, ela se mudou para o município de Monteiro Lobato,
no Vale do Paraíba, a 131 quilômetros da capital, para viver em um sítio, como
sempre quis.
Atraída pelo empreendedorismo verde, encontrou na apicultura
uma fonte de renda extra e, há dois anos, participa do Projeto de Apicultura
Sustentável, coordenado pela bióloga e professora Lídia Barreto, responsável
pelo Centro de Estudos Apícolas (CEA) da Universidade de Taubaté. Por ano, a
ex-secretária lucra R$ 4 mil com o novo negócio. “É pouco em comparação a
outros produtores, mas não é a minha principal fonte de renda”, destaca a
apicultora, que, além das dez caixas de colmeia em seu apiário, também cultiva
cogumelos.
Ao todo, 82 pessoas são beneficiadas com o projeto, por meio
de aulas de artesanato, marcenaria, produção de cosméticos à base de mel e
culinária apícola, além do acesso à assistência e ao acompanhamento técnico.
Jovens de 15 a 29 anos também são incluídos no projeto – a intenção, de acordo
com Lídia, é a de evitar o êxodo rural e mostrar a opção de renda que o campo
pode proporcionar, além de desenvolver a consciência ambiental nos produtores.
“O nosso atual desafio é fazer com que o apicultor consiga administrar o seu
negócio”, explica a docente.
Em parceria com associações municipais e com o Sebrae de São
Paulo, o modelo iniciado em Monteiro Lobato foi replicado em São Luiz do
Paraitinga e em Redenção da Serra. O município de Caçapava, com 80 mil
habitantes e de onde Valéria se mudou para começar vida nova, já negocia sua
adesão ao programa. O Projeto de Apicultura Sustentável tem o respaldo
financeiro de R$ 320 mil para investimentos em 2012 e 2013 da Fibria, empresa
de celulose de eucalipto, com unidade industrial no Vale do Paraíba. O fomento
é destinado aos segmentos do programa nas cidades.
Com o projeto, os apicultores conseguiram superar a média
nacional de produção, de 12 quilos, e produzem até 30 quilos de mel por
colmeia. “Essa produção garante renda de até R$ 12 mil aos produtores”, aponta
a professora Lídia. Como alternativa para a comercialização do mel, os
produtores fornecem o alimento como merenda para escolas municipais da região.
Para o fim do ano, está previsto o início do projeto de
Apicultura de Alta Precisão – uma extensão da Apicultura Sustentável. O
objetivo é chegar a mais municípios do Vale do Paraíba, por meio de educação a
distância e de palestras exibidas via internet. “A Valéria é um ótimo exemplo
do projeto, ela buscava uma alternativa na vida rural e nós mostramos que isso
é possível”, ressalta Lídia.
*Finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental
Nenhum comentário:
Postar um comentário