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Mel: O lado doce de ser orgânico
Converter a criação de convencional para orgânico e
conseguir mais lucro com o mel
Converter a criação de convencional para orgânico e
conseguir mais lucro com o mel. Muitos apicultores recorreram a esta prática e
estão obtendo sucesso na produção. Além disso, eles preservam o meio ambiente e
salvam espécie ameaçadas de extinção. A produção de mel apenas nas floradas silvestres
é uma prática cada vez mais difícil. A apicultura tem dependido de culturas
agrícolas que em muitos sistemas produtivos, recebem produtos agroquímicos de
forma inadequada. Isso prejudica a qualidade do mel, dos produtos apícolas,
elimina as abelhas e assim as colméias. Na tentativa de mudar essa realidade,
nos últimos anos, muitos apicultores têm escrito uma nova história para a
apicultura, transformando sistemas convencionais em orgânicos.
“Para isso, a produção é inspecionada e certificada por
entidades reconhecidas pelo mercado ao qual se destina o mel, seja interno ou
externo”, diz o diretor presidente Henrique Breyer, da Breyer e Cia Ltda.,
empresa criada desde 1980 e que comercializa os produtos das abelhas e seus
derivados.
Hoje, a indústria beneficiadora de mel – localizada no
município União da Vitória (PR) – produz de 8 a 10% do mel processado. O
restante da produção vem de pequenos e grandes apicultores dos Estados do
Paraná e Santa Catarina. São mais de 150, que mantêm um número aproximado de 40
mil colméias e uma produção anual de 1.000.000 kg de mel, só orgânico e que tem
destino certo, como explica o diretor presidente da empresa. “Não só o mercado
interno pode ser uma boa opção para o apicultor, mas o externo também. Com mel
orgânico, o apicultor atenderá a uma demanda crescente e comercializará o
produto com maior valor agregado. Mas para isto acontecer, a produção de mel
passa por um rigoroso controle, que se inicia em cada colméia do apiário. A
intenção é a produção do mel puro e natural”, diz Breyer.
Uma das principais exigências feitas pelas empresas
certificadoras, para fornecer a certificação e um selo para o produto orgânico,
é a garantia de uma distância mínima de três quilômetros entre os apiários
orgânicos e as áreas de agricultura convencional. “Isto porque as abelhas
coletam alimentos num raio de até três quilômetros de suas colônias”.
Para produzir mel orgânico é preciso seguir normas, que vão
desde a alimentação das abelhas até o processo de coleta do mel e a higiene.
Desde o manejo das colméias – onde o uso de medicamentos não autorizado é
proibido – as caixas de colméias também não podem ser pintadas. As embalagens
para comercialização devem aprovadas pelos órgãos competentes e homologadas
pelas certificadoras, medidas estas precisam ser adotadas contra a
contaminação. “Não adianta nada ter todo os equipamentos e retirar o mel dentro
de um estábulo. As legislações trabalhista e ambiental também devem ser respeitadas.
A qualidade é um ponto essencial nesta produção, é o que diferencia o orgânico
do convencional”, conclui Breyer.
Depois de retirado, o produto ainda precisa estar dentro de
especificações técnicas, como conter no máximo 19% de água e não ser aquecido acima
de 38ºC. Isso porque, com o excesso de água, o produto pode fermentar e, aliado
à alta temperatura, destrói substâncias orgânicas do mel, importantes
principalmente para a saúde humana.
De acordo com a Embrapa Meio-Norte, o mel pode ser definido
como substância viscosa, aromática e açucarada obtida a partir do néctar das
flores que as abelhas melíficas produzem. Seu aroma, paladar, coloração,
viscosidade e propriedades medicinais estão diretamente relacionados com a
fonte de néctar que o originou e também com a espécie de abelha que o produziu.
Além de ser usado como adoçante é mais conhecido por suas propriedades
terapêuticas. Neste contexto, o mel é alimento rico em vitaminas C, D, E e do
Complexo B. Possui ainda um teor considerável de anti-oxidantes (flavonóides e
fenólicos). Contêm minerais como: cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo,
ácidos orgânicos, entre outras substâncias benéficas ao equilíbrio dos
processos biológicos do nosso corpo. “No Brasil, a população de maneira geral,
consome mel como remédio caseiro do que como alimento diário, passando a
comprá-lo apenas nas épocas mais frias do ano, quando ocorre um aumento de
doenças relacionadas aos problemas respiratórios. O ideal seria se todos
mudassem esta postura de consumo”. “O mel é um produto que serve para todas as
crianças, de 02 a 90 anos”, brinca Breyer.
Para Henrique Breyer, o que falta são programas específicos
que divulguem o mel como alimento, seja o convencional ou orgânico. Há também
fraudes e um mercado paralelo que comercializa o produto de porta em porta e
nas feiras, sem identificação. “As associações e entidades tentam fazer o
possível na intenção de coibir as falsificações e conquistar de vez a confiança
dos consumidores”, enfatiza.
Unanimidade à mesa: Puro orgânico
Outra questão, na qual os apicultores são unânimes. Eles
afirmam que as abelhas fazem o serviço completo, que a produção de mel tem um
rendimento considerável e promove a fixação do homem no campo. Segundo o
diretor presidente da Breyer e Cia, o País tem grandes extensões nas quais é
possível investir na apicultura orgânica, principalmente a região no sul do
País, que ainda guarda reservas de mata atlântica. “Nossa agricultura é de
subsistência e possuímos uma flora silvestre bastante diversificada”, argumenta.
Outra empresa no Sul que apostou no mel orgânico foi a Apis
Nativa Produtos Naturais Ind. Comércio Ltda, proprietária da marca Prodapys
Produtos Naturais. A indústria, localizada no município de Araranguá (SC),
processa mel e se interessa em bancar os custos de produção dos 107 apicultores
parceiros, que só produzem mel orgânico. “Oferecemos suporte e assistência
técnica. Neste caso, existe a parceria. Os apicultores vendem o mel
convencional para outros mercados, mas somente os orgânicos são vendidos para
nós. Aqui, existem também bonificações do que é produzido”, conta Tarciano
Santos da Silva, sócio-gerente de exportação da Prodapys.
Hoje, entre os apicultores que fornecem mel para a indústria
são de pequenos a grandes apicultores (nesta ordem, o pequeno mantém de 5 a 10
colméias já um grande apiário é possível encontrar aproximadamente 200 colméias
ou acima disto). “Neste caso especificamente é necessário a utilização de muita
mão-de-obra, mas a produtividade compensa”, diz Silva.
Desde 1979, a Prodapys mantém a atividade de processamento e
também de produção de mel. Em 2003, ingressaram no mercado orgânico. “Grande
parte da nossa comercialização é para a exportação. Países como a Europa e os
Estados Unidos recebem o mel que produzimos. Outra parte vão para as grandes
redes de supermercados”, comenta Tarciano Santos, que contabiliza uma produção
de 600 toneladas ao ano de mel orgânico. “Uma das regras que constitui um
orgânico é não a utilização de antibióticos, que garante a qualidade do
produto. Casos recentes, como o botulismo em crianças, mostram que o mel
precisa ser manipulado corretamente. Todos os casos da doença, foram em
crianças com menos de 1 ano de idade, sendo 93% pacientes com menos de seis
meses. Crianças com mais de 1 ano de idade, a ingestão dos esporos do C.
Botulinum, por comidas contaminadas, não desenvolve a doença. Sem dúvida, uma
das fontes de contaminação do esporos no mel, é o ar, a manipulação de
alimentos, contaminação cruzada e equipamentos. O apicultor certificado como
orgânico tem suas instalações inspecionadas pela certificadora, garantindo
assim melhor manipulação do produto e minimizando o risco de contaminação com o
esporos no mel”, menciona o sócio-gerente de exportação da Prodapys.
Consumo do mel
No Brasil, o consumo do mel ainda é muito baixo: o consumo
per capita está na margem de uns 300 gramas de mel por ano. A Alemanha, por
exemplo, é de 1 litro e 700 gramas, sendo o maior consumidor de orgânicos da
Europa. Os Estados Unidos também possuem um consumo per capita acima de um
quilo/ano por habitante. E são estes dois, respectivamente, são os principais
destinos do mel orgânico produzido no Brasil.
Dados da Associação Paulista dos Apicultores Criadores de
Abelhas Melíficas Européias (APACAME) mostram que 80% da produção de mel são de
pequenos produtores. “O Brasil tem um potencial muito grande para produzir mel
orgânico. E um nicho de mercado diferenciado. O nosso País tem matas
fantásticas e o mel orgânico tem uma outra função, além da produção de mel, a
preservação ambiental. Mas, hoje infelizmente as empresas que atuam com a
exportação de mel orgânico – para onde é destinado a maior parte da produção –
não chegam a ordem de 2%. O custo para atender as exigência das certificação
são um dos fatores para que este número não cresça. Ainda há uma falta de
instruções técnicas de manejo para a produção orgânica”, menciona o presidente
executivo da APACAME, Constantino Zara Filho.
Segundo o presidente da associação, – que agrega mais de
7147 associados – hoje existem cerca de 350 mil produtores no País, espalhados
principalmente pelas regiões sul, norte e nordeste. “Há alguns anos, a
apicultura sofreu mudanças de produção. Devido à mancha da cana na região do
sudeste, muitos apiários migraram para outras localidades, como o norte de
Goiás, considerado pelos apicultores um ‘bom pasto’ para as abelhas. De acordo
com Zara Filho, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul é possível
encontrar 60 mil colméias de abelhas Apis melifera, destinadas à polinização de
pés de maçãs (fruta). Também há uma outra modalidade que vem sendo adotada
pelos apicultores: é o aluguel das colméias para a polinização (neste caso as
colméias são alugadas para as floradas de maçãs (fruta) e o apicultor recebe um
valor por colméia que ele leva para as floradas). E por último o mel orgânico.
“O que se produz aqui está sendo exportado em grande quantidade. É um mel de
altíssima qualidade e que chega ao mercado num patamar de US$ 45, um vidro de
350 gramas. Apenas 2% deste mel fica em território nacional e tem valor
diferenciado no mercado, já que o custo de produção aumenta, principalmente por
causa da certificação internacional necessária, para atestar o produto como
sendo orgânico. É sem dúvida, um mercado novo. E que pode custar ao consumidor
20% a mais se comparado ao convencional”, comenta o presidente da APACAME.
A apicultura é, sem dúvida, uma das raras atividades que
promove simultaneamente os fatores econômico, social e ambiental para a
melhoria da qualidade de vida de uma população, pois é capaz de gerar renda em
áreas de até clima semi-árido. E tem acertado a mão. Estados como Piauí, o
Ceará e a Bahia, já respondem por quase 80% do mel nordestino. O Ceará, Piauí,
Rio Grande do Norte, Pernambuco e Maranhão foram os Estados que mais exportaram
mel, no primeiro semestre deste ano. À frente estão: São Paulo, Paraná, Rio
Grande do Sul (um dos maiores produtores de mel nacional) e Santa Catarina,
segundo os registros do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Já segundo dados da APACAME, em termos mundiais, a liderança pertence à China,
seguido do México. O Brasil aparece em 10ª posição, com uma produção de 18
quilos por colméia ao ano, contra 38 da Argentina.
No Brasil, a produção de mel é feita predominantemente com a
Apis mellifera africanizada, uma abelha mais agressiva e mais resistente aos
ácaros parasitas (varroase – ácaro que suga o “sangue” da abelha desde a fase
de larva até a adulta e prejudica a capacidade produtiva da colônia).
Alternativa viável
Preocupados com a alimentação, cada vez mais os consumidores
exigem a garantia da qualidade dos produtos que retiravam das gôndolas dos
supermercados. E por sua vez, os produtores buscam cada vez mais se enquadrar
dentro desta exigência do mercado. Com isto, nos últimos anos, a agricultura
natural (produção de alimentos e produtos animais e vegetais, que não faz uso
de produtos químicos sintéticos ou alimentos geneticamente modificados) vem
ganhando mais espaço.
Uma das que atuam neste segmento é a Korin Agropecuária, uma
empresa brasileira ligada à Igreja Messiânica Mundial que utiliza os preceitos
de agricultura natural – preconizados pelo pensador japonês Mokiti Okada – onde
há um absoluto e total respeito à natureza, ao produtor e ao consumidor. Os
produtos comercializados pela empresa são: frangos, água, ovos, frutas,
verduras e legumes e mel. “Anos atrás, a demanda por orgânicos não era tão
significativo. E não existiam pontos de vendas. Agora a realidade é outra.
Temos vários produtos que atendem as exigências dos consumidores. O nosso
‘carro chefe’ é o frango Korin, mas agora, o mel vem atendendo também o nicho
de mercado. Se o mel já faz bem a saúde, imagine um orgânico, que tem garantia
certificada de qualidade”, diz o gerente comercial da Korin Agropecuária, Edson
Shiguemoto. “O objetivo da Korin é desenvolver o consumo por alimentos mais
saudáveis. Nos últimos anos houve um aumento considerável nas vendas de mel.
Não é tão alto, consideramos um aumento sazonal, principalmente no frio”,
completa Shiguemoto.
A Korin Agropecuária comercializa mel orgânico há três anos.
Além de atender grandes redes de supermercados existem também os empórios. A
empresa também é uma das clientes da Breyer e Cia. Hoje, os preços dos potes de
mel orgânico variam de acordo com o peso e são vendidos a um preço entre R$
8,00 a R$ 17,95.
Regulamentação
A lei n.º 10.831, de 23 de dezembro de 2003, descreve normas
de produção, processamento sobre a agricultura orgânica, incluindo o mel.
Porém, existe uma regulamentação que ainda está em votação e, que certifica os
produtos orgânicos e suas exigências. Mas, nesta área orgânica, é possível
encontrar certificadoras, como a Associação de Certificação Instituto
Biodinâmico (IBD), uma empresa brasileira sem fins lucrativos, que desenvolve
atividades de inspeção e certificação agropecuária, de processamento e de
produtos extrativistas, orgânicos e biodinâmicos.
Há vinte anos atuando no campo da pesquisa e desenvolvimento
da agricultura orgânica e biodinâmica, auxiliando no desenvolvimento de um
padrão de agricultura sustentável, a IBD busca adequar-se às exigências cada
vez maiores do mercado. Em 1995, a empresa conquistou o credenciamento da
International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM). Quatro anos
depois, o ISO 65 (mercado europeu) e, em 2002, a aprovação do USDA - United
States Department of Agriculture (mercado norte americano), tornando-se a única
entidade brasileira habilitada internacionalmente a conceder a certificação
para produtos orgânicos e biodinâmicos.
Coloquei esta matéria e estou disponibilizando aos interessados a cartilha sobre produção orgânica de mel e produtos apícolas.
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