A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão
Rural (Empaer), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(Senar) e Rotary Internacional, está implantando o projeto de melhoramento
genético para produção de abelhas rainhas africanizadas - Ápis mellifera. O
projeto visa a instalação de apiários e recuperação da mata ciliar nas comunidades
de pescadores e indígenas na região sul do pantanal, nos municípios de Santo
Antônio de Leverger e Barão de Melgaço.
O biólogo da Empaer, João Bosco Pereira ressalta que a
finalidade do trabalho é aumentar a produção de mel e evitar a contaminação de
doenças em Mato Grosso. O projeto vai atender cem famílias que vivem da pesca,
dando oportunidade em ter outra fonte de renda. Produtores rurais que estão na
atividade, já receberam entre cinco a dez abelhas rainhas por apiário a fim de
aumentar a produtividade em 100%, chegando a uma produção de 60 quilos de mel
por colmeia ao ano.
Conforme Bosco, as famílias interessadas na atividade
apícola estão recebendo treinamento com orientações teóricas e práticas sobre
criação de abelhas dos técnicos do Senar e Empaer . Ao todo, serão 300 colmeias
em produção até o final de 2012. Paralelamente à instalação das colmeias
acontecerá o plantio de mudas nativas para recuperação da mata ciliar com
plantas melíferas para enriquecer o pasto apícola.
Algumas colmeias foram instaladas nos galhos das árvores,
suspensas a uma altura de dois metros do chão, penduradas por arames. Conforme
Bosco, essa inovação tecnológica evita a ação dos predadores como formigas,
cupins, tamanduás e maiores problemas no período das chuvas. As colmeias foram
instaladas na comunidade Trindade, em Santo Antônio de Leverger e cada família
terá direito a cultivar três colmeias
Uma colmeia produz em média 30 quilos de mel por ano.
Pereira destaca que o mais importante que produzir é organizar a cadeia da
apicultura, garantindo o selo de qualidade para o mel produzido em Mato Grosso.
Ele declara que o mel está sendo vendido na informalidade e o produto não está
nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais. E aponta alternativas na
organização do setor produtivo por meio de cooperativas e associações.
Para atingir uma produção de 50 a 60 quilos de mel/ano é
importante manter o apiário com abelhas rainhas jovens, com idade máxima de
dois anos, já que vivem até cinco anos. Um bom pasto apícola produz em média 3
mil ovos por dia, uma população de 80 mil abelhas operárias por colmeia Com a
apicultura, o biólogo calcula que uma produção de até 50 quilos de mel/ano,
pode render para a família até R$ 3 mil reais. No mercado o mel está sendo
vendido a R$ 20,00 o quilo.
Doença
O Técnico da Empaer alerta sobre dois problemas com a criação
de abelhas, a doença que está dizimando os enxames e contaminando o mel,
conhecida como podridão da larva ou Luk Americana e é a falta de informação dos
apicultores, que estão adquirindo rainhas de outros estados sem procedência, ou
seja, correndo o risco de importar abelhas contaminadas com a podridão da
larva. A doença é provocada por uma bactéria que produz esporos com resistência
às intempéries climáticas. Os maiores focos foram encontrados nos Estados
Unidos e Argentina.
Bosco explica que a enfermidade aparece antes do nascimento
da larva, causando a morte dentro da célula. Para combater é necessário
encontrar abelhas com características genéticas contendo dois genes: um para
desopercular (destampar) a célula e outro para remoção da larva morta. Ele
explica que não é todo enxame que possui essas características, é necessário
substituir a rainha para criar defesa contra a doença. “A intenção é criar um
Centro de Apicultura para produzir e fornecer aos produtores abelhas rainhas
livres da doença”, conclui Bosco.
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