Conforme diversos posts, de nosso blog que versam sobre a
perda dos enxames nas mais diversas épocas do ano e situações diferentes de
clima, floradas e etc...Convido os colegas a comentarem sobre as possíveis
causas que levam os enxames a migrarem ou definharem na própria colméia, vamos
enumerá-las e debater cada uma das proposições.
Hoje vou expor uma receita simples de alimento protéico para
ser usado em diversas situações durante o ano, principalmente nas ocasiões onde
se exige ao máximo o desempenho das colméias, mesmo que a entrada de néctar e
pólen seja elevada não quer dizer que podemos deixar nossos enxames a mercê da
sorte.
Prova do que estou falando são as diversas ocasiões em que
apicultores que colocam seus enxames em plantações de eucalipto, que possui
grande fluxo de néctar por um longo período e não entendem porque perderam seus
enxames.As rainhas devido ao grande fluxo de néctar ,elevam sua postura ao
extremo, mas se as campeiras não trouxerem pólen com elevado índice protéico e
em quantidade satisfatória, não poderão repassar as nutrizes para que cuidem
das crias e mantenham o enxame ,o que desencadeará uma reação em cadeia levando
a perda do enxame.
Outro exemplo prático disso é o caso de perdas de enxames
nas plantações de maçã em Sta.Catarina; deficiência e desequilíbrio nutricional
levaram os enxames a definharem de maneira nunca vista, uma vez que já chegam
as lavouras mal preparados pelos apicultores e não dão conta de trabalhar e
repor os indivíduos da colônia, enfraquecendo ao ponto de ficarem como
moribundas dentro da colméia sem condições de sequer manter a temperatura
interna equilibrada, abandonando o cuidado com as crias e se alimentando do que
sobrou, até a morte.
Receita de alimentação protéica:
- 3 partes de farinha de soja, ou extrato de soja(prefiro o
extrato)
- 3 partes de fubá mimoso
- 1 parte de levedo de cerveja
- 1 parte de pólen (resíduo do beneficiamento e seleção)
- mel até dar liga o suficiente para deixar a massa
homogênea e lisa, sem grudar nas mãos.
Para grandes quantidades use a batedeira com as pás para
massas pesadas, ou seja, tem de ser uma batedeira boa.Seguem as imagens para
saberem do que estou falando.
No caso surgem dúvidas sobre quanto e quando oferecer a
ração proteica, não vou citar aqui a literatura que encontrei, pois só a
prática e a observação criteriosa de cada apicultor é que vai dizer como usar
em cada situação.Saber avaliar a condição de postura da rainha e
desenvolvimento das crias é fundamental e o principal indicativo da necessidade
do uso desta ração, principalmente em culturas com grande fluxo
nectarífero(eucalipto) ou baixa qualidade do pólen como plantações de coco.
Olá Ozorio
ResponderExcluirPost extremamente interessante o da alimentação artificial.
Tocou uma série de pontos que me parecem fulcrais.
Um deles tem a ver com a colocação das colmeias em zonas de flora cultivada, nomeadamente pomares, girassol etc, onde a dominância de um unico tipo floral pode levar a problemas nutricionais. Ou seja, a existência de um único tipo de pólen decerto há-de ser insuficiente em termos de divesridade proteica para as necessidades nutricionais das abelhas.
Também aqui em Portugal já nos deparamos com problemas semelhantes no caso do Girassol, em que apesar da grande quantidade de néctar e pólen, as colónias enfraquecem e até colapsam meses depois, se bem que esta afirmação ainda não tenha grande sustentação cientifica.
Até porque na maioria das vezes (felizmente) outras florações concorrem com o girassol havendo assim outras fontes de pólen.
Tudo isto para dizer que o pólen monofloral começa a ser alvo de alguma desconfiança na alimentação artificial das abelhas.
O ideal será mesmo a aquisição ou produção de pólen muito colorido (multifloral) o que indica a variedade de flores de onde provém.
Nos últimos dois Invernos alimentei a totalidade das minhas colónias com uma mistura de 70 a 80% de mel com 30 a 20% de resíduos (pó) de pólen e com muito bons resultados. Apenas ficou um pouco caro... mas as baixas foram mínimas.
A consitência do produto final é semelhante à das suas imagens, talvez um pouco mais pegajosa. Costumo inclusivamente colocar folhas ou palha sobre os alimentadores internos (pratos) que coloco entre o tampo e a prancheta (tampa interna).
Um assunto que não foi focado (ou me escapou) tem a ver com as quantidades a fornecer a cada colónia, em função da dimensão de cada colónia. Este aspecto é muito importante sobretudo quando adiciona lêvedo de cerveja, pois se a quantidade de alimento é grande e demora muito a ser consumido corre o risco de fermentar.
Mesmo que adicione o alimento em pasta (muito seco) a humidade e as temperaturas elevadas do interior da colmeia depressa liquefazem a mistura e as leveduras fermentam-na muito rapidamente.
É necessário por isso dimensionar as doses ao tamanho da colónia...
acho que me excedi com tanta coisa :)
Grande abraço
Joaquim Pifano